08/02/2010

A outra noite

A outra noite                             (Rubem Braga)

 

              Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para a casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e comentei a ele que lá em cima, além de nuvens feias que cobriam a cidade eram vistas de cima, enluaradas, colchões de sonhos, alvas, uma paisagem irreal.

              Depois que o meu amigo desceu do carro o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:

              ___O senhor vai me desculpar, é que eu estava aqui a ouvir a sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

              Confirmei: sim, acima de nossa noite preta e enlamaçada havia uma outra___pura, perfeita e linda.

              ___Mas que coisa...

              Ele chegou a por a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.

              ___Ora, sim senhor...

              E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse uma “boa noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sincero, tão veemente, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

 

 

A outra noite                             (Rubem Braga)

 

              Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para a casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e comentei a ele que lá em cima, além de nuvens feias que cobriam a cidade eram vistas de cima, enluaradas, colchões de sonhos, alvas, uma paisagem irreal.

              Depois que o meu amigo desceu do carro o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:

              ___O senhor vai me desculpar, é que eu estava aqui a ouvir a sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

              Confirmei: sim, acima de nossa noite preta e enlamaçada havia uma outra___pura, perfeita e linda.

              ___Mas que coisa...

              Ele chegou a por a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.

              ___Ora, sim senhor...

              E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse uma “boa noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sincero, tão veemente, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

 

 

A outra noite                             (Rubem Braga)

 

              Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para a casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e comentei a ele que lá em cima, além de nuvens feias que cobriam a cidade eram vistas de cima, enluaradas, colchões de sonhos, alvas, uma paisagem irreal.

              Depois que o meu amigo desceu do carro o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:

              ___O senhor vai me desculpar, é que eu estava aqui a ouvir a sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

              Confirmei: sim, acima de nossa noite preta e enlamaçada havia uma outra___pura, perfeita e linda.

              ___Mas que coisa...

              Ele chegou a por a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.

              ___Ora, sim senhor...

              E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse uma “boa noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sincero, tão veemente, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.