02/02/2010

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Plano de Aula Ensino Médio

Não está no gibi

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Reportagem de Veja

Objetivos
Apresentar a linguagem das HQs , os principais aspectos estilísticos das histórias em quadrinhos e analisar algumas delas
Introdução
A cartunista Maitena Burundarena, entrevistada pela seção Auto-Retrato de VEJA, admite que recria em seus trabalhos situações inspiradas na observação de pessoas próximas — o que, não raro, rende a ela sérias dores de cabeça. Que tal usar as declarações da artista argentina para animar os estudantes a produzir histórias em quadrinhos (ou HQs) nas quais eles sejam os protagonistas? Em vez de cefaléias, a atividade pode originar gostosas gargalhadas.

Atividades
1ª aula — Após a leitura da revista, pergunte se os alunos conhecem as séries Mulheres Alteradas e Curvas Perigosas, de Maitena, ambas disponíveis nas livrarias brasileiras. Caso alguém se manifeste, peça comentários sobre as obras. São engraçadas ou não? Por quê? O que mais chama a atenção: a originalidade do traço, o inusitado da temática ou a eloqüência do texto? Conte que, nessas coletâneas de piadas curtas, as representantes do universo feminino geralmente são retratadas como criaturas carentes, neuróticas, inseguras, irritantes e sexualmente insatisfeitas — além de sedutoras, inteligentes, irônicas e românticas.
Reproduza o quadro “Quatro Assuntos nos Quais os Homens Não têm o Menor Interesse” (abaixo) e entregue as cópias aos jovens, organizados em grupos. Encomende uma análise por escrito dos quadrinhos. Eles formam uma narrativa ou apenas contêm quadros autônomos, independentes? Qual é o elemento de ligação entre essas cenas? É possível classificar o conjunto do material como uma história? Por quê?
Concluída a tarefa, convide a garotada a conhecer a linguagem dos gibis, seus elementos básicos e o processo de criação de uma HQ. Depois, todos vão produzir aventuras humorísticas estreladas por... eles mesmos!
Para seus alunos


2ª aula— Explique que as histórias em quadrinhos se valem de uma linguagem própria, desenvolvida ao longo de mais de um século. Elas podem ser definidas como narrativas ilustradas cuja ação se desenrola numa seqüência de painéis. Os personagens das HQs dialogam por meio de balões de texto e os autores têm à disposição uma gama enorme de recursos gráficos para simular movimentos (sinais cinéticos) e sons (onomatopéias). Instrua os estudantes a obedecer ao passo-a-passo a seguir. Deixe que eles dividam as tarefas entre si, de acordo com suas habilidades e vontades.
1. Personagens — A exemplo do que ocorre na literatura, a criação dos heróis e vilões dos gibis passa por traços físicos e psicológicos, manias, preferências, bordões, vícios de linguagem, sotaques etc. Como a idéia aqui é transformar os alunos em seres de ficção satírica, sugira que sejam moldadas caricaturas de cada um, com o exagero de suas marcas pessoais. Também faz parte do planejamento a concepção visual dos personagens. Cada um pode desenhar-se em várias situações e posições, para se habituar com sua versão gráfica.
2. Argumento — É a estrutura da trama, ainda sem detalhes. Precisa responder a questões do tipo onde e quando se passa a ação, quem são os personagens principais e secundários, qual é o tamanho da história e, principalmente, o que acontece desde a introdução até a conclusão — em linhas gerais.

3. Decupagem — Agora o argumento dá lugar ao chamado roteiro. Em folhas de papel divididas ao meio por um traço vertical, cada quadrinho deve ser tão detalhado quanto possível. Na coluna da esquerda, fica a descrição das cenas:
• A imagem é panorâmica? Mostra um close-up? Um plano americano? Um travelling? Esses nomes correspondem a enquadramentos de câmera, típicos do jargão de cinema. Uma breve pesquisa na internet vai esclarecer eventuais dúvidas, caso ninguém na classe tenha familiaridade com tais conceitos.
• Quem participa de cada cena? Como se veste? O que seu semblante deixa transparecer? Está sentado, deitado ou correndo? Aparece em primeiro plano ou no fundo do quadro?
• Em que ambiente a ação transcorre? Num local fechado? Numa floresta? Embaixo d’água? No espaço sideral? Na Torre Eiffel? Aqui vale reforçar a idéia de que fotos de referência de lugares reais ajudam a emprestar verossimilhança ao resultado final.
A coluna da direita da página de roteiro contém os diálogos e os pensamentos dos personagens, além das intervenções do narrador, se houver. O texto fica mais ou menos assim.
Personagem A (cochichando): Por que você me chamou de pão de fôrma? 
Personagem B (gritando): VOCÊ É CHATO E TEM MIOLO MOLE!!!
• É sempre oportuno lembrar que texto e imagem se complementam numa HQ. Nessa etapa devem, portanto, ser eliminadas as redundâncias. Se o desenho vai mostrar o herói mergulhando numa piscina, não é preciso que o narrador dê a mesma informação ao leitor.
• Também é durante a decupagem que o autor planeja o número de quadrinhos por página.

4. Diagramação — Em folhas de papel de desenho, é feita a distribuição dos painéis de cada prancha (ainda na forma de esboços rápidos). A primeira cena da história merece ocupar meia página para causar impacto?
Nessa mesma fase, tem de ser planejada a colocação dos elementos gráficos dentro dos quadros: tal personagem ocupa determinado espaço, seu balão de fala fica aqui, tal objeto vai acolá. Nunca é demais recordar que, como a leitura ocorre da esquerda para a direita e de cima para baixo, o balão a ser lido antes precisa ficar sempre à esquerda e/ou acima do segundo e assim por diante. A dica pode parecer primária, mas não é incomum que cartunistas iniciantes se confundam nesse quesito.
5. Letreiramento — Antes de dar acabamento aos desenhos, é aconselhável letreirar os diálogos, com caracteres maiúsculos e tipologia que facilite a leitura. O primeiro passo é escrever tudo a lápis, sobre linhas traçadas a régua. Depois de revisado, o texto pode ser recoberto com caneta hidrográfica preta de ponta fina. Palavras em negrito — que indicam um aumento no volume de voz dos personagens — pedem uma ponta mais espessa. Depois disso, são demarcados os balões.
6. Desenho — A lápis, e com delicadeza, é hora de dar a forma final às imagens. Cabe ao professor de Arte apontar possíveis imperfeições anatômicas, de proporção e de perspectiva, que devam ser corrigidas.
7. Arte-final — Trata-se de recobrir os desenhos com canetinha preta. Caso os alunos decidam fotocopiar as HQs, isso garante uma reprodução mais nítida.
8. Colorização — A pintura pode dar ao leitor a sensação de luz e sombra. O contraste entre tons claros e escuros destaca uns elementos e "esconde" outros. Testes prévios vão apontar que técnica valoriza mais o traço: lápis de cor, aquarela, giz pastel? Se a escola não dispõe de máquina que tira cópias coloridas, vale a pena pintar as artes originais? Provavelmente não.
Promova o lançamento do gibi e/ou exponha os trabalhos no próprio colégio.

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