02/02/2010

Da parede da caverna ao muro grafitado | Plano de aula | | Nova Escola

 

Plano de Aula Ensino Médio

Da parede da caverna ao muro grafitado

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Conteúdo
Artes visuais

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Reportagem de Veja 

Objetivos
Mostrar à turma que há uma enorme variedade de tipos de pinturas murais e discutir o status de arte dos grafites
Introdução
VEJA noticia a reinauguração do museu de l’Orangerie, em Paris, onde estão montados permanentemente os painéis com as telas da série Ninféias, de Claude Monet. Esse conjunto monumental, que já foi chamado de Capela Sistina da arte moderna, ocupa um determinado espaço expositivo de forma planejada e contínua, conhecido como pintura mural. Aproveite a reportagem para explicar que essa modalidade existe desde os primórdios da humanidade. E que muitas obras assim continuam sendo produzidas.
Selecione uma imagem de jornal ou revista. Foto antiga também serve. O importante é que seja significativa para seus alunos. O material será a base do exercício prático proposto neste roteiro. Você deve providenciar ainda folhas de papel tão grandes quanto possível. Elas farão as vezes dos painéis do mural. Existe papel sulfite medindo 66 x 96 centímetros. E que tal usar o verso das folhas de um outdoor? Você pode solicitar a uma empresa que produz esses cartazes: elas sempre têm sobras.

Atividades
1ª aula — Pergunte se os estudantes já repararam, ao visitar uma igreja ou um edifício público, que em alguns desses lugares as paredes são repletas de pinturas – podendo se estender desde o chão até o teto. Peça que contem onde observaram tais obras de arte e se as acharam interessantes ou bonitas. Revele que a prática de decorar paredes com imagens remonta à Pré-História. No início do século passado, foram encontradas cavernas cheias de pinturas e desenhos milenares de mamutes, tigres-dentes-de-sabre, ursos, bisontes e outras feras, além de figuras humanas. Entre as matérias-primas empregadas estão sangue de animais, carvão e terra colorida. Os pesquisadores acreditam que nossos ancestrais fixaram os símbolos na pedra durante rituais mágicos para ajudar na caça. Conte que essas cavernas ficam em lugares quase inacessíveis e de pouca visibilidade. Os mais famosos sítios do gênero localizam-se em Altamira, na Espanha, e em Lascaux, na França.
Depois, esclareça que esse costume aparecem também em diversas civilizações, marcando presença nas câmaras mortuárias egípcias (dentro das pirâmides), nos mosaicos dos palácios do Império Romano do Oriente e nas igrejas cristãs de proporções monumentais construídas na Europa medieval.
Explique que o auge desse tipo de decoração ocorreu no Renascimento. Os grandes artistas da época realizaram muitos murais, utilizando preferencialmente a técnica do afresco, na qual a tinta é aplicada sobre o reboco úmido das paredes – caso da obra de Michelangelo na Capela Sistina e de A Santa Ceia, de Leonardo da Vinci.
2ª aula – Promova a leitura do texto de VEJA sobre as telas de Monet e fale que, a exemplo do idealizador das Ninféias, outros expoentes da arte moderna se dedicaram à elaboração de murais.
Era costume os autores de vanguarda produzirem, na maioria das vezes, pequenas pinturas para experimentar suas novas conquistas artísticas. Quando se tornavam importantes, todavia, eles eram chamados para trabalhos maiores em prédios públicos ou instituições particulares.
Nesse aspecto, Monet foi uma exceção – pois criou por conta própria a série citada na reportagem ligada a esse plano de aula. Vale lembrar que o espanhol Pablo Picasso deu forma ao célebre painel Guernica, em 1937, atendendo a uma encomenda. No México, o governo ligado à Revolução Zapatista requisitou vários trabalhos colossais a pintores modernos como Diego Rivera e Siqueiros, que por isso ficaram conhecidos como muralistas. A partir daí, a prática se espalhou entre muitas nações latino-americanas. No Brasil, o mais importante pintor de murais foi Cândido Portinari. Ele fez painéis para o antigo prédio do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, e, mais tarde, para a sede da ONU, em Nova York.
Ensine que alguns nomes de destaque da arte contemporânea, voltados à abstração e às novas figurações dos anos 1960, também se envolveram com obras murais. Cite o americano Mark Rothko, cujos painéis figuram numa capela ecumênica, e seu conterrâneo pop James Rosenquist (os endereços eletrônicos indicados no final deste roteiro apresentam obras de ambos).
3ª aula – Desafie a turma a elaborar um mural com a imagem que você selecionou previamente – ou parte dela, conforme sua conveniência.
O planejamento deve levar em conta o número de alunos que vão fazer o desenho (que tal dois para cada folha de papel?) e o tamanho de cada painel e do mural inteiro. Programe onde ficará exposto o trabalho, depois de concluído: na própria sala de aula, num corredor, no auditório ou no pátio da escola.
Divida a imagem em retângulos proporcionais aos papéis que serão usados como suporte para os painéis. Entregue cada fragmento a uma dupla, que vai reproduzir a cena na folha grande. Dependendo do equipamento disponível, pode ser projetada sobre o papel a ampliação de uma cópia em transparência (para isso, use retroprojetor ou projetor de slides) como guia para a construção da imagem. A classe toda precisa decidir em conjunto a “paleta” de cores do painel – que materiais (giz de cera, guache, tinta acrílica etc.) e tons serão usados. Isso é importante para dar unidade ao conjunto. Pode ser divertido, por exemplo, fazer cada folha de papel usando a predominância de uma cor.
Uma vez concluídos os desenhos, é hora de montar o mural na parede. Use fita crepe ou fita adesiva de dupla face no verso dos painéis e instale-os lado a lado, seguindo o esquema de recorte da imagem original. Os desenhos não precisam ficar necessariamente grudados um no outro. Mas, se optar por deixar espaço entre eles, faça-o de modo uniforme a fim de harmonizar o todo e permitir uma leitura contínua. Surpreenda o colégio com o resultado.
4ª aulaDebata sobre os grafites e as pichações, tão comuns nos cenários urbanos contemporâneos. Esclareça que os primeiros são obras de artistas que escolheram trabalhar no espaço público e, mesmo clandestinos, em geral, têm o apreço e o respeito da população. Já as pichações, freqüentemente vistas como vandalismo, são marcas de gangues que disputam territórios.
Providencie cópias do quadro abaixo, entregue-as à turma e sugira que cada jovem redija um texto comparando as pinturas rupestres, os afrescos renascentistas e os grafites atuais.

Para seus alunos

Murais em três tempos
De cima para baixo: detalhe de uma pintura pré-histórica encontrada em Lascaux, na França; parte de um afresco de Michelangelo na Capela Sistina; e grafite elaborado pelo artista paulistano Maurício Villaça na década de 1990. A primeira cena remete a rituais mágicos que objetivavam boa caça. A segunda, de temática religiosa, indica a criação do homem segundo a versão bíblica. A última inclui ícones da cultura pop e tem como suporte um muro da cidade grande. Compare as técnicas e as intenções de cada obra.

Fotos Arquivo Iconográfico, S.A. e Jim Zuckerman/ Corbis/ Stock Photos e Antônio Milena

Fotos Arquivo Iconográfico, S.A. e Jim Zuckerman/ Corbis/ Stock Photos e Antônio Milena

Fotos Arquivo Iconográfico, S.A. e Jim Zuckerman/ Corbis/ Stock Photos e Antônio Milena

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